sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Inaugurado o Memorial Itabaianense

Nesta última quarta-feira, 28 de dezembro, sem dúvida, a Associação Cultural Memória Viva deu um passo marcante em toda a sua trajetória, desde sua fundação em maio/2010. Inaugurou o Memorial Itabaianense, realizando o seu objetivo maior.

Reuniram-se os amigos, sócios-fundadores e diretores em um evento de atrações, entre as quais, a mais significativa, o plantio de uma gameleira no mesmo local da antiga que tombou com mais de cem anos, e símbolo da cidade e da rua que leva popularmente, até hoje, o seu nome: Rua da Gameleira.

A árvore crescerá e viverá por numerosos anos, assim como o Memorial Itabaianense, com seu acervo já iniciado, formado por fotos, audiovisuais, documentos, livros, revistas, jornais, objetos, móveis e utensílios.

O patrimônio histórico, artístico e cultural de Itabaiana está sendo preservado no presente para ser eternizado no futuro.

A história de Itabaiana, terra de Sivuca, Zé da Luz, Otto Cavalcanti, Ratinho, Chico do Doce, Vladimir Carvalho e tantos outros não menos notáveis e ilustres, não morrerá. 

O Memorial de Itabaiana pertence ao povo.










quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Na história de Itabaiana, esse foi o cara

Todos nós itabaianense estamos de luto, parte desta vida um Cidadão que foi exemplo na historia de Itabaiana.

Sr. Arnaud Costa é o Itabaianense que merece honras em todos os méritos de ética, moral, inteligência, bravura e de Pai de Família.

Sr. Arnaud Costa foi de uma época de quando o Município de Itabaiana representava um potencial cultural e econômico que atravessava limites mostrando ao Estado da Paraíba e ao Brasil como se administra um Município promissor.

Sr. Arnaud Costa fez parte importante de um grupo de políticos sérios que amava e desejava o bem de Itabaiana, não media esforços para propagar sua terra, fosse na política, ou na cultura.

Sr. Arnaud Costa como se não bastasse toda essa luta que travava para engrandecer Itabaiana foi e continuará sendo através dos seus filhos e netos um grande escritor, um poeta e ético jornalista.

Sr. Arnaud Costa siga em Paz todo seu caminho de luz , o Sr. não morreu, apenas fez uma travessia para a eternidade e, através do seu legado que aqui fica também será eternizado.

Ao amigo Fabio Mozart junto a toda família, e especialmente a D. Iraci que mais sofrerá a ausência material do Sr.Arnaud, deixo os meus sentimentos.


Orlando Araujo.



Arnaud Costa, família.

Arnaud Costa, político.
Arnaud Costa, carnavalesco.

Arnaud Costa, rábula.




Arnaud Costa, escritor e desportista.



sábado, 12 de novembro de 2016

Onde Zé da Luz Verseja



Onde Zé da Luz Verseja

Sander Lee



Eu sou do Bar Teve Jeito
Sou da banca de confeito
Do Paraíba e seu leito
Calçamento em pedra bruta
Eu sou da feira de fruta
Frequentador do Triângulo
Cuja linha traça o ângulo
Equidistante da Gruta
Da velha Saboaria
Sou de um povo que lia
Que chorava e que sorria
Em apoio ao irmão
Do Colégio Conceição
Antecedendo o Curtume
Seu Adolfo e seu estrume
Vila Nova e Pereirão
Da terra de Artur Fumaça
Que tem coreto na praça
Que Pingolença, de graça,
Botou hora na igreja
Sou da terra benfazeja
Em que um índio dançava
Na pedra que o rio dava
Onde Zé da Luz verseja...

Sander Lee é ator, poeta, membro da Academia de Cordel do Vale do Paraíba





domingo, 25 de setembro de 2016

O Cartório Eleitoral e as eleições na antiga Itabaiana



Entre as muitas lembranças que guardo dos tempos de criança e adolescência e já da fase adulta, estão as ligadas às atividades do meu pai José Bandeira no Cartório do Registro Civil e Cartório Eleitoral de Itabaiana-Paraíba. Como escrevente ou como a filha que era convocada para auxiliar nos serviços, vivi acontecimentos por vezes inusitados.

Diversamente de hoje, em que os cartórios eleitorais têm sua sede e chefes nomeados e mantidos pelo Governo Federal, nem de longe se assemelhavam as antigas repartições, onde o cargo extra não era remunerado. Não havia computadores, tudo era feito à mão ou nas velhas Remington e a papelada a preencher, de cada eleitor, era extensa: um título, duas fichas e uma folha de votação. A goma arábica colava os quatro retratos 3x4 solicitados ao eleitor.

Até os anos 70 o cartório eleitoral era rodiziado, de dois em dois anos, entre o escrivão Zequinha Bandeira e os tabeliões Aderlindo Luiz e Zé Maria Almeida, cuja troca de sede se constituía um verdadeiro transtorno.  Todos os funcionários, entre eles, a perfeccionista Cleide Fonseca, a piadista Zilda Pessoa, as simpáticas e dedicadas Altair Araújo, Aderita Trajano e Neusa Santos,  e mais alguns ajudantes eram convocados para a mudança. Atravessavam inúmeras vezes a larga Av. Pres. João Pessoa abarrotados de papéis, material de expediente e máquinas, estas, mais pesadas, levadas nos antigos carros de mão feitos de madeira. Era um trabalho árduo, tanto para o serventuário que entregava o serviço, como para o recebedor, que precisava arrumar a casa de modo a conseguir um cantinho para acomodar tantos apetrechos no já superlotado cartório.

A cidade vivia uma acirrada disputa política entre PSD e UDN, partidos extintos pela ditadura militar e recriados como MDB e ARENA no começo dos anos 70. Com preferências políticas claras, Elisabeth Bandeira, Zé Bandeira e Zé Maria Almeida, quando titulares do cartório eleitoral, eram alvos de desconfiança e vigilância por parte dos políticos dos partidos contrários. Tanto assim que, em um dia de cartório repleto de pessoas, Dona Elisabeth dirigiu-se a uma mocinha que estava em pé na porta há muito tempo e perguntou-lhe se desejava algo, tendo ela respondido que estava ali “para fiscalizar, a mando do Dr. Josué”. A escrivã pediu para que voltasse e dissesse ao político que ele não tinha o direito de fiscalizar o e sim o Juiz Eleitoral. A poeta Zora Lira retirou-se e no mesmo dia a escrivã recebeu a visita do Dr. Josué Dias de Oliveira. Tiveram uma conversa educada e amigável e, assim, tudo ficou em paz entre a escrivã e o gentil cidadão e nobre advogado.
Antonio Rodrigues, escrivão eleitoral José Bandeira Júnior, lider político dr. Antonio Santiago, funcionárias Neusa Santos e Aderita Trajano e outros colaboradores. Na Serra do Pau d'Arco, Salgado de São Félix, inscrevendo eleitores. Foto acervo Memória Viva.

Um costume bastante curioso era o convite que o escrivão eleitoral recebia do partido político para “fazer eleitores”- expressão usada à época – em localidades rurais distantes, para onde seguiam o notário e alguns funcionários. O transporte era dado pelo político, bem como a alimentação. Lá pelos anos 50 acompanhei Zé Bandeira em uma dessas expedições.  Fomos a Mogeiro a convite de Zé Silveira que, em uma escola rural, comandava seus colonos e eleitores, que se enfileiravam em busca de suas inscrições.  Na residência dos Silveira nos recebeu, com educação e hospitalidade, a simpática senhora Dona Otávia, mãe do líder.

Naqueles anos os analfabetos não votavam, porém, a condição mínima para o primeiro título era que o postulante, pelo menos, assinasse o seu nome com firmeza e legibilidade. Dona Josefa Virgolino, conhecida na cidade como Zefa do Coentro, além de vender o produto que lhe deu o apelido, era exímia lavadeira e passadeira de roupas. Dona Josefa não foi aprovada em seu requerimento. Inconformada foi ao Dr. Mário de Moura Rezende, Juiz Eleitoral, para ele lhe dar uma nova oportunidade, no que foi prontamente atendida. Dr. Mário pediu que ela sentasse à mesa, deu-lhe papel e lápis e ditou: “Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema.” E foi assim que José de Alencar contribuiu para que Zefa do Coentro perdesse a esperança de ser eleitora naquele ano.

Margaret Ligia Santiago Bandeira

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Itabaiana e a eleição municipal há 40 anos

A Memória Viva recebeu a doação de três fitas cassete com a gravação de um comício da campanha eleitoral de Itabaiana em 1976, há, portanto, 40anos.  Registrados, nas então revolucionárias  K-7,  criadas pela Philips em 1965, os discursos de alguns políticos do MDB. Falam o candidato a prefeito Cândido Inocêncio de Gouveia Neto (Candinho), os postulantes a vereadores Joao José de Lima (Doca da Sucam),  José Pedro da Silva e Edmilson Batista do Nascimento  e, encerrando o evento,  o deputado estadual Valdir Bezerra.

Com a ditadura militar o pluripartidarismo foi extinto e deu lugar a apenas dois partidos políticos:  a  Aliança Renovadora Militar – ARENA, conservador e de sustentação do governo, e o Movimento Democrático Brasileiro – MDB, opositor do regime.

Em Itabaiana –Paraíba, naquele ano de 1976,  depois de uma acirrada campanha, sagraram-se vencedores o Dr. Aglair da Silva para prefeito e o Sr. Fernando Cabral de Melo para vice-prefeito, candidatos pela ARENA 1.

E assim foi o resultado das candidaturas a prefeitos e vice-prefeitos:

ARENA 1 – Aglair da Silva e Fernando Cabral de Melo – 2.768 votos:
MDB 2 – Cândido Inocêncio de Gouveia Neto e Arnaud Silva Costa – 2.030 votos;
MDB 1 – João Pedro da Silva ( Joca Pedro) e Sebastião Tavares de Oliveira (Babá) – 1.591 votos;
ARENA 2 – Emir Nunes da Silva e Antonio Carlos Rodrigues de Melo – 1.112 votos.


Na mesma campanha de 1976, comício do candidato a prefeito Aglair da Silva. Presenças de José Bandeira, José Maroja, José Carlos de Almeida, Socorro Costa e Edilson Andrade,  estes três últimos,  candidatos à vereança. Foto cedida por Edilson Andrade.




sábado, 16 de julho de 2016

Nossa Senhora do Carmo, padroeira de Guarita



Hoje, 16 de julho, é a data dedicada a Nossa Senhora do Carmo, padroeira do distrito de Guarita, em Itabaiana - Paraíba.

Com uma linda igreja dedicada à Virgem, construída pela família do Dr. Odon de Sá Cavalcanti, Guarita foi palco de belas celebrações religiosas organizadas por Dona Dolores Sá, que manteve às suas expensas, a manutenção e conservação do templo.

Aniversário de casamento dos meus pais José e Elisabeth Bandeira, estive muitas vezes, durante minha infância e adolescência, naquela igreja,  assistindo às missas do dia 16 de julho.

Com parte dos mortos da família Sá enterrados na igreja, Dona Dolores não teve autorização do bispo da Paraíba para, também, fazer daquele santuário, sua última morada. 

Margaret Ligia Santiago Bandeira


Foto do altar-mor no dia 16.07.1999 e o oferecimento de Dona Dolores.









segunda-feira, 4 de julho de 2016

A primeira vez que fui na rua

Eu me lembro muito bem
Isto já faz muitos anos
Quando mamãe disse a mim,
Menino vamos dormir
Para de noite não dá sono
Eu estou com sono não
Se não for dormir agora

A noite não vai embora
Pra festa da Conceição.
Então ai fui dormir
Com uma grande ansiedade
Pela primeira vez
Ia ao centro da cidade
Deu seis horas me arrumei
E a hora era chegada
Botei o pé na estrada
Veja o que aconteceu...
Mas antes quero pedir
Um pouco de atenção
Onde foi comprada a roupa
Daquela ocasião:
Minha calça foi comprada
Na loja de João Mazu
Na loja de Antônio Tiano
Me compraram um Conga Azul
Lá em Seu Félix Canela

Compraram meu suspensório
Na Campinense e Casa Almeida
O resto dos acessórios
Não esquecendo a camisa
Era uma toda de lista
Foi lá nas Lojas Paulista.


Orlando Otávio, poeta de Itabaiana-Paraíba.

sábado, 4 de junho de 2016

Fotografia e Memória XX


Na década de 70 do século XX, o Governo do Estado cedeu este prédio de sua propriedade ao Cartório Eleitoral de Itabaiana-Paraíba, onde antes funcionou a Coletoria Estadual. A fotografia registra um momento da inauguração do cartório. Oficial de justiça Luiz, oficial do registro civil de Guarita Arnóbio José Guerra, Arnaud Costa, tabelião José Maria Almeida, Rosilda Melo de Almeida, promotora pública Maria de Jesus Bezerra, Dona Tali, juiz Wilson de Barros Moreira, advogada de ofício Norma, José Bandeira Júnior, oficial do registro civil e escrivã eleitoral Elisabeth Santiago Bandeira, Regina Coeli Silva, tabelião Aderlindo Luiz da Silva e as funcionárias Zilda Pessoa e Maria José Vieira. Acervo Memória Viva.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Um momento do Apostolado da Oração em Itabaiana

Com origem no século XIX na Companhia de Jesus francesa, o Apostolado da Oração no Brasil foi fundado em Recife (PE) no ano de 1867, porém  só difundido quatro anos depois, a partir da criação de um núcleo na cidade de Itu(SP).

Movimento conservador formado por leigos católicos, o apostolado tem por objetivo propagar o movimento, difundir a prática da eucaristia, da oração e do terço, fazer sacrifícios, todos esses atos consagrados à principal devoção, o Sagrado Coração de Jesus.


Os seus membros, que usam fitas vermelhas, com o passar de algum tempo de experiência na doutrina, são admitidos como zelador ou zeladora, que se responsabilizam por um grupo de associados, orientando-os nas práticas espirituais pregadas pelo apostolado.

Fita de associada de Margaret Bandeira

Na Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Itabaiana-Paraíba, na década de 50 do século XX, esse grupo de fiéis estava em plena atividade. Ilustramos com foto, relíquias das fitas  e grupo de senhoras daquela época áurea do Apostolado da Oração. Quase a totalidade das zeladoras foram  identificados por  Elisabeth Bandeira (zeladora), Nair Ramos (zeladora), Margaret Bandeira (associada) e Tonha Marinho (franciscana da Ordem Terceira de São Francisco). 

Fita de zeladora de Elisabeth Bandeira



     Maria Sabina (Nevinha), Dolores Bione (com a bandeira), Dalva Costa, Quinu (parteira), Maria Germano, Nair Ramos, Hilda Duré, Carmelita Pimentel, Odete Mendes,  Bel Fonseca, Maria Honório, Tutu Feliciano de Luna, Dulce, Salomé Jordão, Maria Ricardo, João de França Marinho, Zefinha Mazu, Chiquinha (catequista), Clecinha Barbosa, Fina, Maria Abreu, Olindina Xavier, Joao Ataíde, João Feliciano de Luna, Bibi Carvalho, Mocinha Dantas, Maria Tavares, Padre João Gomes da Costa (vigário), Mororó e Manuel Barbosa.


domingo, 10 de abril de 2016

Há 117 anos

Em 10.04.1899, em Catolé do Rocha(PB), nascia o médico Antonio Batista Santiago que dedicou toda sua vida profissional a Itabaiana(PB). Transcrevemos artigo do site www.portalmédico.org.br sobre sua vida.




                                   "    MEMÓRIA - DR. ANTÔNIO BATISTA SANTIAGO

         Antônio Batista Santiago nasceu na Fazenda Arapuá, na virada do século, no dia 10 e abril de 1899. Filho de Eloy Felipe Santiago e de Ana Batista Santiago. Estudou nas Escolas Primárias do Brejo do Cruz e de Catolé do Rocha, mas o seu desejo, era mudar-se para um grande centro, onde pudesse trabalhar e estudar, para que tivesse uma vida melhor, diferente daquela, que lhe era reservada no Sertão Paraibano. E em 1918, Santiago limpando mato, na roça com enxada deparou com uma cobra venenosa, que quase pica-lhe a perna. Então, Santiago, toma uma decisão corajosa. Joga a enxada fora e resolve deixar o Sertão Paraibano e procurar a cidade do Rio de Janeiro e lá chegando, teve alguns problemas ligados ao trabalho, mas Santiago supera tudo e três meses depois, ele estava empregado e matriculado no famoso Colégio Dom Pedro II da Capital Federal, onde fez os preparatórios, e em 1925, estava matriculado no primeiro ano da Faculdade de Medicina da Praia Vermelha onde fez um Curso Médico regular, sem perder nenhum ano de estudo, quando colou grau, defendendo a tese " Tuberculose e Gravidez", em 1930, tendo sido aprovado, com distinção. Durante o curso médico, freqüentou o Serviço de Obstetrícia do Professor Fernando Magalhães e o Serviço de Clínica Médica do professor Antônio Austregésilo e o Serviço de Pronto Socorro do Professor Brandão Filho. Foram seus colegas de turma o Dr. Raimundo de Brito, que foi Ministro da Saúde do Governo Costa e Silva e o Dr. Bezerra Coutinho Professor da Universidade Federal de Pernambuco.
       Formado em medicina, Santiago, começa a receber e examinar algumas propostas de trabalho do Rio de Janeiro, bolsa de estudos na Alem+anha, para quando concluir ir ser professor. Além de outra do interior de Goiás. E, nessa fase das indecisões, surge uma proposta da Paraíba através do Governador Antenor Navarro, para dirigir uma Maternidade na Paraíba, construída pelo Prefeito Guedes Pereira. Aceito o convite, vem o Dr. Santiago para João Pessoa, pensando, em poder, atender, também, aos pacientes vindos do sertão, principalmente de Catolé do Rocha e de Brejo do Cruz. Começa a trabalhar o Dr. Antônio Santiago, em João pessoa e certo dia, surge uma paciente com um parto complicado, necessitando de cesariana, coisa temível naquela época. Mesmo assim, Santiago resolve fazer a cesariana. E auxiliado pelo Dr. Lauro Wanderley e usando a técnica de Kroening, tendo sido bem sucedido, tanto o ato cirúrgico, como pós-operatório, tudo sem complicações. E por isso foi considerada - a primeira operação cesariana realizada na Paraíba. Com êxito. Mas o destino reservava uma surpresa para o Dr. Santiago. Ele adoece e por sugestão de alguns amigos - Abílio Dantas e seu irmão José Frutuoso Dantas, que lhe recomendam que ele fosse para Itabaiana, que lá bastava o clima para curar a sua doença. E assim fez o Dr. Antônio Santiago. Foi para Itabaiana, logo se sentiu bem. Em pouco tempo realmente ficou curado da sua doença, mas não sabia que não sairia mais de Itabaiana. Pois, isso aconteceu. Santiago curado do mal que o trouxe a Itabaiana, ia atendendo aos pacientes que o procuravam e assim foi se prendendo à Princesa do Vale do Paraíba. Terminou abrindo consultório, na cidade e nunca mais deixou Itabaiana, a terra de Sivuca, da dupla caipira Jararaca e Ratinho, e também do famoso poeta Zé da Luz. É ainda a terra dos irmãos - Aderbal e Abelardo Jurema.
      O Dr. Antônio Santiago, no seu trabalho cotidiano, na cidade de Itabaiana chegou à conclusão que faltava um Hospital onde se pudesse atender melhor a clientela da cidade e da região polarizada pela cidade de Itabaiana. E assim Santiago cai em campo e depois de muita luta, constrói o Hospital e Maternidade São Vicente de Paulo - que na sua inauguração, ele assim, se expressou; - Aqui está o Hospital e Maternidade São Vicente de Paulo , marco simbólico do esforço construtivo e do espírito humanitário do povo de Itabaiana.
      O Dr. Antônio Santiago era casado com a Sra. Olga Campos Santiago, cearense natural da cidade de Canindé deixa uma filha. A Dra. Eucaris, médica endocrinologista, em Recife, onde clinica.
      Na política teve grande atuação, pois foi prefeito de Itabaiana duas vezes. Deputado Estadual e candidato a Deputado Federal ficando numa suplência, que veio a assumir uma cadeira na Câmara dos Deputados e por isso teve ocasião de saudar o Ministro José Américo, quando tomou posse na Academia Brasileira de Letras em 1967. Na medicina, teve grande tanto, em Itabaiana como na região polarizada por aquela cidade, atingindo Pernambuco, através da cidade de Timbaúba. Dr. Santiago gostava da sua profissão, atendia indiscriminadamente fossem ricos ou pobres. Certa vez, nasceram no seu hospital 4 crianças de um parto quadrigêmeos. Tendo salvado a todas. Donde se pode dizer que o Dr. Antônio Santiago, na sua profissão a medicina, ele era HUMANITÁRIO. Itabaiana e região polarizada por aquela cidade, o Dr. Santiago gostava de freqüentar o Itabaiana Clube. Vestia-se sobriamente com preferência pelo o branco. Fumava charuto e gostava de jogar gamão. Era uma pessoa amiga; não gostava de dizer não a ninguém. Era um homem sério, respeitado, austero sem ser violento. O Dr. Antônio Santiago, dedicou a sua vida e o seu trabalho à Itabaiana. E sendo o seu Prefeito adoeceu e não levando muito a sério a doença, quando foi realmente se tratar, já era tarde e, em Recife, no Hospital Português, foi diagnosticado um peritonite, que teve como causa, uma apendicite estrangulada em 22 de novembro de 1976, faleceu o Dr. Santiago, data que oficialmente é feriado em Itabaiana. Esta é a história de um homem que saiu de Brejo do Cruz, na Paraíba, trabalhou e estudou. Tornou-se médico numa luta por um ideal, dedicou a sua vida a uma cidade - Itabaiana, serviu à Paraíba e deixou um exemplo de luta para o BRASIL.
      Durante a memorável Assembléia Geral Ordinária de Fundação da Academia Paraibana de Medicina, realizada em 19/12/1980, o Dr. Antônio Batista Santiago foi escolhido Patrono da Cadeira nº 02."


Acad. Ulisses Pinto Brandão - Membro Titular da Academia Paraibana de Medicina. (APMED) e 2º ocupante da Cadeira n.º 02. CRM-PB Nº 199.

sábado, 9 de abril de 2016

Fotografia e Memória XIX - 1960, comício em Itabaiana-Paraíba.

         
            Comício do PSD em Itabaiana-Paraíba, no ano de 1960, em prol das candidaturas de Janduhy Carneiro para governador, que concorria com Pedro Gondim, e João Goulart para vice-presidente da república na chapa de Jânio Quadros. Identificados no evento político Josué Dias de Oliveira, Marcus Odilon Ribeiro Coutinho, Hugo Saraiva, Janduhy Carneiro, Mário Silveira, Erasmo Souto, José Silveira e o prefeito Alceu Almeida. Foto cedida por Renato Almeida.

terça-feira, 29 de março de 2016

Marta Pessoa presenteia a Memória Viva com seu primeiro livro


Marta Pessoa nasceu em Itabaiana-Paraíba na Fazenda Onça, na casa conhecida como “A Casa da Lagoa do Aruá” e é radicada em Recife(PE),  onde ministra aulas de artes.

Talentosa artista plástica, Dona Marta mantém alguns dos seus trabalhos expostos na Casa do Aruá, tornando o casarão um genuíno museu de telas a óleo e esculturas em cimento.

Entre seus atributos, a artista se mostra agora como escritora e poeta, publicando “Viagem ao Infinito”,  livro de contos e poesias.

A Associação Cultural Memória  Viva visitou a simpática Dona Helena para entregar –lhe o livro “Artistas de Itabaiana” , do escritor Fábio Mozart e “ Itabaiana – Sua História – Suas Memórias – 1500-1976”, de Sabiniano Maia, momento em que presenteou a Associação com a sua primeira obra literária. 







sábado, 6 de fevereiro de 2016

Memória do Carnaval Itabaianense XI

No Itabaiana Club da Av.Pres. João Pessoa, Adeilde Queiroz, Otoniel e sua esposa Tonha Marinho. Foto Wilson.

Estelita, esposa de Waldemar Cavalcanti, e seu filho no carnaval de 1940 em Itabaiana.

Niete e Luiz Rezende com José Bandeira. Itabaiana Club antigo.

Bloco "Índias Aztecas". Sandra Cabral, Ângela Medeiros, Gláucia Morais, Salete Silva Bandeira, Lourdinha Almeida, Deinha Silva, Gracinha Morais, Margaret Bandeira, Lourdinha Silva, Virgínia Cavalcanti, Zélia Almeida, ............., Margarida e Gerusa Lucena Rocha. Itabaiana Club, 1969. Foto Wilson.

Bloco Nó Cego, anos 70. Foto Ligia Santiago, Agfa Optima I.

Os casais Nair e Luiz Ramos e Maria e José Tavares. Itabaiana Club novo.

Os foliões Ezita Almeida e Luciano Marinho.

"A Bagaceira",  anos 1970. 

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Iomar. Carnavalesco que fez história.


Aqui sempre estamos relembrando a historia de Itabaiana,seja de sua política, de sua religiosidade, dos seus eventos, dos seus artistas e de todos aqueles que deixaram um pouco de si para ser lembrado. Sempre estou lendo e guardando comigo esses pedacinhos de historias.

Hoje vou falar de um cara que eu acho que passou despercebido dos seus conterrâneos, esse cara deu sua colaboração na historia de Itabaiana, principalmente no Carnaval, sua alegria contagiava as pessoas, eu era criança e já o admirava.

Falar em Carnaval de Itabaiana, falar em Escola de Samba, e não falar em IOMAR é deixar uma lacuna em aberto. A escola de Samba de Iomar era muito esperada , sua apresentação era magnífica, já naquela época as fantasias eram bonitas bem como suas alegorias.

Iomar é esse da foto, casado com Nailde, filha do Sr. Manoel Forzino que morava na rua lama, acho que muita gente se lembra.

Valeu IOMAR, Itabaiana te agradece, Deus ilumine teu caminho de LUZ.


Orlando Araújo, artista plástico itabaianense.

                                    

domingo, 17 de janeiro de 2016

Itabaiana, Terra Materna

            Alameda na antiga Praça da Indústria onde existiu a Capela de Santo Antonio, construída, em 1923, por Firmino Rodrigues de Souza.



Itabaiana, Terra Materna
                                                                                   

  Morada das almas
No dia 14 de fevereiro desse ano, recebi uma mensagem do meu primo Robinson Viana, comunicando o falecimento de uma pessoa muito querida, Ivanise de Souza Souto, minha prima, nascida e criada em Itabaiana. Não foi nenhuma tragédia, sua enfermidade vinha de longa data. Pela grande amizade que sempre nos uniu, imediatamente telefonei para um taxista amigo e segui para aquela cidade, onde estava sendo realizado o velório e iria ocorrer o sepultamento.
Surpreendi-me com o burburinho dos transeuntes e o número de veículos no centro, que conhecera tão modorrento. Fazia muitos anos que visitara Itabaiana; a mudança era evidente. Um pouco depois das dezessete horas seguimos de carro, vagarosamente para o cemitério, e ao passarmos pelo belo coreto o movimento do trânsito diminuiu e me dei conta do início de um por do sol, que no Recife não ocorre nem parecido, ou se tem ninguém consegue ver.  
Com aquela luz dourada e enviesada de fim de tarde cortando a poeira suspensa no ar, entrei no cemitério e curiosamente li algumas das placas indicativas nos túmulos. Passaram a desfilar diante de mim, os antigos personagens da minha origem materna.
A curiosidade cedeu lugar ao êxtase. Não mais lia as placas ao acaso, agora procurava o local de descanso dos parentes de quem me recordava. De mãos entrelaçadas com a saudade passeei com meus ancestrais sob um céu vermelho e o ziziar de cigarras. Foi um presente de despedida de minha querida prima Ivanise: o encontro com minhas raízes maternas.
Dias depois desse fato, meu amigo e confrade Ricardo Bezerra, me convidou para proferir uma palestra na comemoração do 10º aniversário da ALANE – Paraíba. Respondi que sim e o tema seria Itabaiana, Terra Materna, ainda que não tivesse escrito nem uma linha dele.
Procurei então me informar melhor sobre o que iria falar. Encontrei no excelente livro de Sabiniano Maia, “ITABAIANA – Sua História – Suas Memórias”, na página 50, uma revelação que me arrepiou os cabelos: “Dentre as muitas interpretações dadas ao vocabulário Itabaiana, há a do Dr. Teodoro Sampaio... diz ser aquele vocábulo tupi corrompido, composto de tapa-yan ou tabaanga, a morada das almas... Por volta de 1890, no local onde... se realizava a feira de gado, no Alto dos Currais, encontraram-se ossadas humanas postas em jarras.” Local de um antiquíssimo cemitério indígena, muito anterior ao povoamento colonial.
 Local de morada das almas dos índios nos primórdios de sua ocupação humana, e de igual maneira a morada das almas dos meus ancestrais que habitavam o cemitério, comungando com meu espírito naquele entardecer de 14 de fevereiro.
O livro de Sabiniano Maia, ainda traria uma surpresa maior. Na página 320, tirada do livro de Joaquim Inojosa, “Diário de um Estudante”, uma fotografia com a legenda – Moças de Itabaiana, aguardam sentadas num dos bancos do coreto da Praça Álvaro Machado, a chegada da música para a retreta do domingo.” Nela, estava minha mãe, Edelvina Rodrigues de Araújo. São cinco jovens retratadas, três consegui identificar, da esquerda para a direita: Noêmia Araújo (filha de Tia Mocinha, neta de Vovó), uma não identificada, Luiza Braga, Mamãe e outra não identificada. O passado chegava sorrateiro às minhas mãos.

                                           Lembranças
Toda história que nossa mãe nos conta parece especial. Então, quando ela recorda fatos da infância, adolescência, mocidade, namoros, lugares, passeios, personalidades, família, acontecimentos marcantes ou banais, tendo como cenário uma pequena cidade, esta será para sempre uma referência emotiva que nos transportará para os braços maternos.
 Itabaiana, cidade de minha mãe.
Açude salgado, triângulo (da estrada de ferro), bonde de burros, Guarita (lugar de mulher malcriada e das pernas finas, opinião materna), Salgado de São Félix, Praça da Indústria, Festa de Nossa Senhora da Conceição, Café do Vento, Mãe Doninha, Nen, Pilar, Tio Pedro, Mariinha, Alfenins, Papiu, Madrinha Sinhá, Capela de Santo Antônio, Madrinha Marica, Sivuca, Baninho, Luiz Rodrigues, Pedrinho, Valéria, Curtume, Puxa-puxa, Água Rabelo, Rio Paraíba, Maracaípe, Ivanise, Ida, Isa, Tia Tutu, Tia Isaltina, carne de sol, banho de cuia; Tudo isto num amálgama com o nome de : Itabaiana. 
 Esta cidade de médio porte, situada na região Semiárida do Estado da Paraíba, viveu até bem pouco em decadência, mas em fins do século XIX e início do século XX, teve um grande desenvolvimento comercial, industrial e cultural que aos pouco retorna nos dias de hoje.
            Quase equidistante do Recife, Campina Grande e da Capital do Estado e, sendo ligada a estas por via férrea e rodoviária, já no final do século passado, tornou-se entreposto comercial de grande porte. Além de  que desenvolveu várias indústrias de beneficiamento do couro voltadas para o mercado nacional e internacional. 
 
Com o desenvolvimento vieram as consequências sociais e culturais; jornais próprios, transporte coletivo urbano (bonde de burros), vários grêmios literários, retretas na praça da Conceição (que ainda guarda o mais belo coreto da Paraíba, quiçá do Brasil. Importado da Bélgica?), escolas públicas e particulares e uma sociedade que promovia festas e reuniões periódicas pelos mais variados motivos. No final do ano, a festa da Conceição atraía visitantes de todas as cidades vizinhas, da capital, de Campina Grande e do Recife.
No dia 2 de setembro de 1945, enquanto do outro lado do mundo, o último reduto do Eixo, o Império do Japão, rendia-se incondicionalmente aos Aliados comandados pelas Forças Armadas Norte Americanas, no convés do Encouraçado Missouri ancorado na baia de Tóquio, eu completei meus três anos com uma festa em Itabaiana. Não completou um ano o tempo em que lá residi. Brinquei de roda na praça, ouvi histórias de trancoso e conheci meus parentes maternos que me acompanharam por toda vida.
Minha avó, Alexandrina Belarmina da Conceição Rodrigues de Araújo, mas para nós, simplesmente Mãe Doninha, morava longe do centro da cidade, perto do triângulo da estrada de ferro. Na frente da casa, ela mantinha uma mercearia a que nós, netos, chamávamos a "Venda de Mãe Doninha", além disto, fazia um doce chamado "alfenim" feito de mel grosso e quente batido por duas pessoas cujas mãos têm de ficar polvilhadas sempre de araruta ou Maizena para o mel não grudar. É minha mais gostosa lembrança da infância: comer alfenim.
 Foi em Itabaiana que minhas memórias deixaram de ser fragmentadas, passando a ter um sentido de continuidade. Lembro-me bem das brincadeiras na praça em frente de nossa casa tão ao gosto dos anos quarenta do século XX, brincar de roda com as cantigas próprias que hoje só encontramos nos livros ou nas manifestações de grupos folclóricos  (fui no Tororó, no meu jardim tinha uma roseira, o cravo brigou com a rosa, ciranda cirandinha  e muitas outras mais).
De todas as brincadeiras e cantigas infantis, Itabaiana tinha ou ainda tem uma que é peculiar e que não vi ou ouvi em nenhum outro lugar. Fazia-se uma roda de mãos dadas com meninos e meninas e sempre girando no mesmo sentido, cantava-se a seguinte canção:
"No salão dancei
mata pila, pila pila,
no salão dancei 
mata pila pila pila,
Mademoiselle (dizia-se o nome de uma das meninas presentes)
Nesse momento a menina nomeada largava a roda, caminhava para o meio e dançava cumprimentando a todos que cantavam a melodia com o seu nome e depois retornava para a roda.
Monsieur (dizia-se o nome de um dos meninos presentes)
Mata pila, pila pila,
No salão dancei
Mata pila, pila, pila,
E assim continuava até que todos fossem chamados. Ignoro a origem dessa brincadeira, mas, pela utilização de vocábulos franceses, talvez esteja aí  a chave para quem for pesquisar.
Itabaiana tem um clima seco, está situada na Zona do Agreste Paraibano, à margem direita do Rio Paraíba do Norte.
Mamãe nos contava muitas histórias tendo o rio como tema, uma das que eu mais gostava era a de que quando menina tomava muitos banhos nele e brincava de catar pedrinhas redondas para "jogar com pedra" encontrando então uma bem pretinha com uma pepita de ouro encravada. Daí nossa imaginação corria solta na vontade de ir até Itabaiana procurar mais pedrinhas daquelas, pois onde ela encontrou uma, deveriam existir outras. Mamãe ajudava na fantasia descrevendo em detalhes a forma da pedra e o brilho do ouro.
Existe um episódio envolvendo um "jacaré-açu" que foi colocado no açude Salgado no final do século XIX, dentro das terras do Curtume Santo Antônio, pertencente a Papiu, Firmino Rodrigues de Souza, também conhecido como Firmino de Cotinha e meu materno avô, José Paulo de Araújo.
O caso é que alguém vindo da Amazônia trouxe de presente para Papiu e Vovô dois filhotes de jacaré-açu, e eles os colocaram no dito açude. Depois esqueceram por completo da sua existência. Um deles morreu, mas o outro cresceu e muito, superando largamente o tamanho dos jacarés que existiam por aquelas bandas.
Começou assim a correr o falatório do povo e, como quem conta um conto aumenta um ponto, a fama e a envergadura do jacaré do açude salgado foi largamente ampliada.
Papiu era um homem de muitas posses e, consequentemente, muito bem relacionado. Recebia fidalgamente o melhor da sociedade de Pernambuco e da Paraíba. Assim, como por contingência dos negócios de exportação de couro, muitos estrangeiros, principalmente ingleses, alemães e americanos. O certo é que num dia de visitantes ilustres, todos  
vestidos como mandava a moda do início do século XX, de casaca e cartola, resolveram antes do almoço, darem um passeio de bote no açude salgado que, por ser inverno, estava parecendo um lago, e no meio de risadas e galhofas remaram até o meio do açude.
 O anfitrião, por pura gabola e sem medir as consequências, contou as histórias e a fama do jacaré, habitante daquelas águas, possivelmente aumentando-as um pouco.  O pânico tomou conta dos navegantes. Olhavam desconfiados para a água e qualquer coisa que vissem boiando, imaginavam logo ser o réptil. Alguém, vendo um resto de uma cabaça velha se mexendo ao sabor do vento, pensou que fosse o animal e gritou.
-Lá vem o jacaré!
Foi o bastante para que todos se levantassem de uma só vez, fazendo o que era de se esperar; o barco virou e os ocupantes de fraque e cartola caíram na água e começaram a nadar freneticamente. Todos chegaram à margem gritando, encharcados, enlameados, as cartolas perdidas boiando ao léu e do jacaré nem o cheiro.
Ele ainda viveu muitos anos só assustando, mas sem molestar ninguém. Quando rareavam as aves aquáticas do açude, caçava as galinhas, perus e guinés que aparecessem para ciscar no seu território. Mamãe acreditava que saiu do açude em 1924 quando de uma grande cheia do Rio Paraíba, que inundou meio mundo em volta da cidade.

                                           Epílogo
Minha família materna chegou oficialmente a Itabaiana pelo que “Reza a sesmaria nº 793, de 23 de fevereiro de 1781:
Capitão Joaquim Dias de Andrade, Tenente Manoel da Cunha de Oliveira e José Rodrigues de Araújo, dizem que descobriram terras devolutas nas margens do Rio Parayba, principiando nas extremas das datas dos Andrades, do nascente ao poente, até o logar do Areal, e pedem por sesmaria...”
Um século depois, a neta do sesmeiro José Rodrigues de Araújo, um dos povoadores de Itabaiana, Teodora Rodrigues de Souza (por nós chamada de Mãe Cotinha), nascida em 1831, minha bisavó, utilizando o método primitivo de utilização do tanino da casca do angico para curtir o couro, fundou o Curtume Santo Antônio em Itabaiana. Graças ao espírito empreendedor do seu filho Firmino Rodrigues de Souza, esta indústria prosperou, colocando a cidade no rol dos polos exportadores de bens manufaturados do Brasil.

 Com a derrocada da Bolsa na crise mundial de 1929, as exportações paralisaram e nunca mais se recuperaram. O comércio sofreu as consequências e passou a sobreviver do varejo só tendo certa animação nas terças-feiras, dia da feira.
Mais uma vez cito Joaquim Inojosa, e o seu livro “Diário de um Estudante”, quando descreve um piquenique realizado em 1921, organizado por meu pai e seu irmão, no Engenho Jurema, no município de Itambé: Papai iniciou a corte a minha mãe nesta festa.
“ Realizou-se, hoje, um grande piquenique a duas léguas da cidade. Saímos, cerca de 90 cavaleiros e mais cinco carros puchados a bois, três carroças e um automóvel, às 8 horas, chegando ao ponto às 10 ½ da manhã. Esperavam-nos os donos da casa... com lauta mesa. Ao lado, grande latada sob frondosa árvore, onde dançamos a vontade...Voltamos todos juntos, chegando à noite. A música orquestrava à frente e o povo dava viva ao... próprio povo.”
O senhor Odilon Maroja, prefeito da cidade, na segunda década do século XX, para efeito de ampliar a Praça Álvaro Machado, determinou a demolição da primitiva Capela de Santo Antônio em 1918, construída nos alvores do povoamento de Itabaiana. Meu tio avô Papiu, devoto de Santo Antônio, procurou reparar o erro do edil, seu amigo, construindo em 1923, as suas custas, uma nova Capela de Santo Antônio, na Praça da Industria. O casamento de meus pais Melchiades de Albuquerque Montenegro e minha mãe Edelvina Rodrigues de Araújo se realizou nessa capela, em 30 de outubro de 1924.
Através da herança materna, corre no meu sangue o gene do sesmeiro José Rodrigues de Araújo um dos povoadores primitivos de Itabaiana e no fim da tarde de 14 de fevereiro de 2014 ele e todos os demais parentes caminharam junto a mim nas alamedas do cemitério, no sepultamento de minha prima itabaianense Ivanise, fazendo reviver o verdadeiro nome da cidade de minha mãe, tapa-yan, morada das almas.
Itabaiana, Terra Materna, onde caminhei sob a luz dourada de um sol poente de mãos dadas com minha ancestralidade.


Bibliografia:
Itabaiana-Sua História-Suas Memórias. Sabiniano Maia – João Pessoa/PB 1976
Diário de um Estudante – Joaquim Inojosa – Rio de Janeiro/RJ 1959
Memórias Seletivas-Infância – Melchiades Montenegro – Recife/PE 2002

Melchiades Montenegro Filho . 
















Sobrinho neto de Firmino Rodrigues de Souza (Firmino Cotinha), o autor é historiador, escritor, poeta, artista plástico, membro da Academia de Artes e Letras de Pernambuco-AALPE, da Academia de Letras e Artes do Nordeste Brasileiro-ALANE, da União Brasileira de Escritores-UBE, da Academia de Letras, Artes e Ciências de Olinda-AALCO.