quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Quem foi Sabiniano Maia








Quem foi Sabiniano Maia? ...



Por Antonio Costa*


Sabiniano Alves do Rêgo Maia nasceu no dia 7 de junho de 1903, na fazenda “Olho d’Água”, município de Itatuba, Pernambuco; filho de Maria José de Araújo Pedrosa e José Alves de Araújo do Rêgo. Em 1922, casou-se com Dª. Maria das Mercês Meireles Maia, nascendo dessa união cinco filhos: Letícia Maria, Maria Nícia, Maria Lúcia, Maria Gláucia e Maria Alécia. Faleceu em João Pessoa em 12 de abril de 1994.

Bacharelou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade do Recife, em 1928. Iniciou sua carreira jurídica como Promotor ad hoc em Itabaiana, em 1924, depois, sucessivamente, ocupou os cargos de Delegado de Polícia de Itabaiana, Promotor Público de Urussanga (Santa Catarina), Procurador do Tribunal Regional do Trabalho, Juiz do Tribunal Regional Eleitoral e Assessor do DER. Na política, exerceu os mandatos de Prefeito de Mamanguape, Guarabira e Campina Grande; foi interventor de Sapé, 1981.

Foi Secretário do Interior e Justiça; Secretário de Educação e da Saúde; presidiu o Diretório Regional da Aliança Renovadora Nacional (ARENA). Apesar de ter exercido os principais cargos no Estado, foi como escritor e historiador que Sabiniano Maia firmou o seu nome na Paraíba, através dos livros de crônicas, comentários, relatórios, enfim, uma diversificada bibliografia elogiada pela elite intelectual formada por nomes do conceito de Joaquim Inojosa, Epitácio Soares, Mons. Pedro Anísio, Carlos Romero, Luís Fernandes da Silva, Flávio Sátiro, entre outros de igual valor.

Era sócio da Associação Paraibana de Imprensa, membro da Academia de Poesia, sócio fundador do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica.

Títulos recebidos: Cidadão Guarabirense, Cidadão Benemérito de Itatuba, Cidadão Itabaianense, Cidadão Campinense.

Livros publicados: Itabaiana, sua história, suas memórias: 1500-1975, 1977; Caminhos da Paraíba, 1978; Do alto da serra (Discurso), 1979; No Vale do Mamanguape, 1981; Flavio Ribeiro Coutinho: História de uma vida e de uma época (1882/1963; Francisco Edward Aguiar (Biografia), 1982; Superstições: 1932-1935-1936, 1983; Em Santa Catarina: 1931, 1984;Tribunal Regional da Justiça Eleitoral do Estado da Paraíba: Pareceres 1934-1935-1936-1937, 1984; Crônicas e Comentários: 1917-1977, 1988; Sapé – sua história, suas memórias (1883-1985).

Sabiniano Maia ingressou no Instituto Histórico e Geográfico Paraibano no dia 18 de março de 1972.

Referência Bebliográfica:

Maia, Sabiniano. Sapé – sua história, suas memórias (1883-1985), João Pessoa, 1985.

(*) Poeta e artista plástico.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Em 12.02.1965 morria o poeta itabaianense Zé da Luz




ZÉ DA LUZ

Por Amaury Vasconcelos (*)

Itabaiana viu nascer Severino Andrade da Silva, que escolheu o nome artístico DE Zé da Luz, indo sua existência de 29/03/1904 a 12/02/1965. Menino arrimo, responsável pela família, não quis ser fogueteiro, como seu pai morto tão cedo, e aprendeu o ofício de alfaiate, onde a mim próprio talhou-me o primeiro terno de caça comprida, entre nove e dez anos em Guarabira, em 1935, onde o conheci, em fraternal estima e mútua admiração intelectual, entre ele e meu pai Benvindo.

Menino ávido, assisti-o recitando os seus versos, em declamação perfeita, mímica, harmoniosa e precisa, caracterizado em calça e camisa de mescla ou em “brim da Polista”, como falam seus versos. Chapéu de couro indicava o matuto.

Seu recital era no Colégio Pedro Américo. E eu estático, admirado, envolvido no enleio dos seus versos que descreviam o panorama nordestino, em lirismo impecável. Ouvi meu pai apresentá-lo aos seus alunos e outros admiradores, exclamando: “Tu és, Oh! Zé Da Luz, um Bilac de chapéu de couro”. Sua passagem em Campina aproximou-o dos intelectuais, poetas, escritores, cantadores de feira, tais como, Antonio Telha, Lopes de Andrade, Cristino Pimentel, José Pedrosa, apresentando-se em recitais, inclusive radiofônicos.

Pelo seu sucesso em Campina, apoiou-o Argemiro de Figueiredo, fazendo-o publicar pelo A União a primeira edição de “Brasi Cabôco”. Repetindo-se até a 6ª. Edição, entre elas pelo O Cruzeiro e a Acauã, esta com a 4ª. Edição de “O Sertão em Carne e Osso”. Daí, já lhe consagraram Manuel Bandeira, Zé Lins do Rego, Mário Poppe em crônica na mais popular revista do Brasil “Fon-Fon”, onde diz: “Depois de Catulo da Paixão Cearense não conhecemos outro versejador sertanejo mais interessante”; Eudes Barros, afirmando: “Não há nada de artificial, de falso, de literato nos versos de Zé da Luz. É um livro de carne e osso. Um livro que vive. Um livro humano”.

Elogiaram-no ainda neste início, Padre Manoel Otaviano, Euclydes Cezar, areiense brilhando em Fortaleza, e dizendo: “Revelasse-nos um admirável psicólogo ao aprofundar os segredos insondáveis da alma humana, sem nunca ter lido Pascal”.

Que pena, falta-nos espaço, mas é impossível ocultar o que dele disse Ronaldo Cunha Lima no seu discurso de Posse na Academia de Letras de Campina Grande, hoje, Casa Amaury Vasconcelos, tendo-o como patrono:

“Zé da Luz é um patrimônio da cultura popular e elemento integrante do nosso folclore, da nossa tradição, da nossa literatura. Através de seus poemas, ele eternizou a essência de um povo, sua alma, seu sangue, seus sentimentos. Soube cantar e decantar a terra e sua gente, a alegria e a dor com aquela significação de grandiosidade telúrica que José Lins do Rego exaltou e que Manuel Bandeira enalteceu pela autenticidade radiosa do poeta paraibano. Zé da Luz, como poeta popular semeou e espargiu seu enorme talento sobre as forças da verdade subjacentes que compõem o aspecto fisionômico da história social de nossa região”.

Para finalizar, contudo, o que dele disse em prefácio, o sempre e imortal seu quase conterrâneo Zé Lins do Rego, aquele que imortalizou as margens do Paraíba, enlanguecido no caminho lento para o mar, ao som da brisa farfalhante de seus canaviais, descrevendo tipos, cópias vivas e imortais de estátuas humanas, cujos destinos se vinculavam à terra, soterrados na desigualdade  da burguesia açucareira, ou em seus dramas íntimos, tão bem romanceados e bem copiados do real, brincando ele o beletrista com a ficção.

Infeliz da terra que tem o filho imortal e não valoriza a sua vida e obra, no caso, na perfeição rítmica do verso, alma viva de um Brasil Caboclo, verdadeiramente em Sertão Bravo, tão em Carne e Osso.

(*)Escritor, historiador e poeta paraibano.