segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Lei municipal tomba prédio histórico pertencente ao Secretário de Cultura




O prédio do Restaurante Finesse, pertencente ao Secretário de Cultura de Itabaiana, Luciano Marinho, está em processo de tombamento para ser considerado de valor histórico e artístico para o Município.

Situado na Avenida José Silveira, 53, o casarão foi inaugurado em 1919 e até hoje mantém as características iniciais, conforme se comprova com a comparação de fotos atuais com as antigas, publicadas no livro “Itabaiana – sua história, suas memórias”, do escritor Sabiniano Maia. Conforme informações da Associação Memória Viva, que requer o tombamento, o prédio histórico foi sede da primeira biblioteca pública do município, depois foi vendido a Pedro Martiniano de Brito que deixou de herança para sua filha, Altina Muniz de Brito.

A Secretaria de Cultura está recebendo requerimentos de pessoas físicas e instituições para proceder ao tombamento de prédios históricos de Itabaiana, conforme a Lei Municipal Nº 679, de 11 de novembro de 2014, que “dispõe sobre a preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Natural do Município de Itabaiana, cria o Conselho Municipal do Patrimônio Cultural e institui o Fundo Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural de Itabaiana.” A Lei estabelece, no capítulo III, artigo 7º, que o pedido de tombamento poderá ser feito por qualquer cidadão, cabendo à Secretaria de Cultura de Itabaiana receber o pedido, abrir e autuar o respectivo processo administrativo para análise e parecer.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015
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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Itabaiana dos meus tempos


1- Eu já vi por aqui feira de gado / Respeitada em toda região
Vi boiada com quase um quilometro / Vi usina de agave e algodão 
Vi o clássico Vila Nova e união / Vi Nana fazer o gol da partida
Itabaiana jamais és esquecida / És a pedra que dança em minha vida.
2- Eu já vi dia de segunda feira / Multidão invadir o carretel
Vi orquestra tocando ao vivo / Bossa nova até tango de Gardel
Vi desfile de mulher na avenida / Via ponte de madeira prometida
Itabaiana jamais és esquecida / És a pedra que dança em minha vida.
3- Eu já vi esse rio de canto a canto / Vi cobrindo a pedra do Ingá
Vi também sua areia em lua cheia / Rasteada por amantes do luar
Ouvi frases de amor, ouvi gemidos / Ecoando da pedra da Margarida,
Itabaiana jamais és esquecida / És a pedra que dança em minha vida.
4- Eu já vi mais de cem sapatarias / Campo Grande tinha emprego e se vivia
Vi curtume exportar o que vazia / Toda sua produção ele vendia
Vi a missa em sua capelinha / Sombreada pelas caibeiras floridas
Itabaiana jamais és esquecida / És a pedra que dança em minha vida.
5- Vi serestas em noites enluaradas / Eu vi flores colorir caramanchão
Vi conjunto de chorinho entoar / Brasileirinho bossa nova e baião
Vi também Tic-Tac golear / Vi o Chico envenenar a despedida
Itabaiana jamais és esquecida / És a pedra que dança em minha vida.

6- Eu já vi Urubu Rei decolar / E Pavão pra Brasília revoar
Vi José derrubar casa de taipa / e faze de tijolo e retelhar
Mas depois vi José tombar sem vida / A pobreza ficou mais excluída
Itabaiana jamais és esquecida / És a pedra que dança em minha vida.

Orlando Otávio

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

A Cauda do Demônio.


                                                       

Com dificuldade de distinguir o real da fantasia, as crianças, geralmente até os 6 anos de idade têm medo de máscaras. E o carnaval em nossa região era a festa mais temida por elas.  No reinado de Momo esses adereços eram muito usados,  fosse  em blocos,  ou individualmente pelos papangus, figuras que surgiram no século XIX e que permaneceram vivos por décadas.  Caracterizavam-se por brincantes que saíam às ruas vestidos, geralmente,  com roupas do outro sexo e mascarados.

E Itabaiana dos anos 50 e 60, que apresentava  um dos melhores carnavais da Paraíba, foi palco dos afinados blocos de frevo Taiobas e Pão Duro e das cadenciadas escolas de samba Imperadores do Samba, Última Hora e Acadêmicos do Ritmo, também tinha os seus grupos de  papangus.  As figuras bizarras costumavam amedrontar as crianças e parar nas casas dos amigos, desafiando-os a adivinharem quem estava por baixo daquela indumentária; isso entre risos e gargalhadas e carreiras das crianças apavoradas.

Em certo domingo de carnaval da minha infância, a convite do meu pai Zé Bandeira, entrou em nossa casa, para comes e bebes, uma turma de homens mascarados, acompanhada por orquestra de frevos.  O bloco de rua chamava-se “O diabo e suas almas”, mas havia mais diabos do que almas, devido ao grande número de rabos pontudos que eu pude observar antes de me esconder no terceiro quarto da antiga casa da Praça Epitácio Pessoa.

 Na escuridão do quarto fechado, vendo pouco, mas com os ouvidos bem atentos, eu estava inerte, só o coração batendo em louca disparada. Implorava ao meu Anjo da Guarda que levasse, mais que depressa, todos aquelas figuras assustadoras para bem longe de minha casa.

E naqueles minutos que mais pareciam horas, de súbito alguém abre a porta do quarto que era um depósito da revista “O Cruzeiro”,  de brinquedos e de uma grande mala de couro antiga onde eu estava sentada. Olhei paralisada para a porta. Um diabo entrava de mansinho com a cauda na mão. O meu medo beirava o pavor. Dirigiu-se a mim dizendo:  -“Margaret, deixa que eu guarde este rabo dentro desta mala; depois eu venho  buscar.”  O fato de ele me conhecer era o que me fazia tremer cada vez mais. Não ousei levantar os olhos. E ele saiu cantando:

‘A minha fantasia de diabo
Só falta o rabo, só falta o rabo
Eu vou botar um anúncio no jornal:
Precisa-se de um rabo
Pra brincar no carnaval’

Dias depois estaciona uma Harley Davidson em frente de casa. Era Valdemar Cavalcanti, tio de Otto Cavalcanti. Veio buscar o rabo de sua fantasia.


Margaret Bandeira