quinta-feira, 19 de abril de 2012

Itabaiana e a Juventude de 1960.

                 Conjunto Arco-Iris:  Célia Albuquerque, Gracinha Dantas, Josete Trajano, Lourdinha Almeida,  
Rosa   Guerra e Margaret Bandeira.


Era a década de 1960, o mundo passava por importantes mudanças sociais. Nós brasileiros jovens da época  tivemos que  lutar para impor nossa personalidade  perante uma atual sociedade arcaica e preconceituosa em todos os aspectos, agregando a essa luta a  intolerância da Ditadura Militar de 31 de março de 1964, onde  maníacos ditadores obrigavam  todos os cidadãos  serem capachos patriotas de  um Pais traído. A juventude reagiu, muitos jovens  foram vitimas de torturas até morte, mas nunca recuaram até a retomada da democracia.

No âmbito social, os jovens deram inicio a sua liberação dos tabus morais,  começaram  enfrentando as intransigências dos pais que até então, nós , os filhos,  tínhamos que ser como eles desejavam  e não como gostaríamos de ser. Os conflitos eram fortes, muitos saíram de casa em busca do seu próprio caminho, outros de personalidade submissa se acomodaram  e ficaram a espera das mudanças que no futuro também vieram a usufruir.

Até então, nós homens tínhamos quer manter  nosso vestuário na forma padrão, ou seja, calça, camisa e sapatos sempre sociais, em cores claras ou escuras de tecidos lisos, predominava o  tecido tropical , o brim de algodão e o linho. O corte dos cabelos era padrão,  semelhante ao que hoje usa os jovens quando serve o exercito. Até as novidades que surgiam tinha que obedecer a esse  padrão , senão , não faria sucesso de vendas, bom exemplo disso foi o lançamento das camisas “volta ao mundo”. Para as mulheres, principalmente as jovens solteiras que simbolizava a pureza  e tinha que se manter virgem para o casamento,  as exigências eram bem maiores. O vestido nunca poderia ter decote que mostrasse o colo dos seios,  modelos com braços expostos acima do cotovelo nem pensar, as saias obrigatoriamente tinha que estar muito abaixo do joelho e bem largas, vestidos justo ao corpo e calças comprida era fora de cogitação.. A maquiagem tinha que ser bem discreta, batom vermelho nos lábios era uso exclusivo de prostitutas. Só era exagerado uma coisa,  os penteados, nunca vi  tanto cabelo armado e duro com o uso de uma mistura de breu com álcool. Tive namorada que até lã de aço usava embutido nos cabelos para armar o penteado. 

Durante a década de 1960, as manifestações dos jovens, principalmente no mundo ocidental, através dos grupos musicais  e de  seus  grandes eventos,  dos  hippies, dos estudantes em luta por seus direitos democráticos , principalmente aqui no Brasil em decorrência da Ditadura Militar, acendeu a chama da coragem da juventude em enfrentar com dignidade todas as opressões dos tabus sociais e impor sua própria personalidade.

Diante desse contexto, nós homens demos inicio ao uso de cabelos longos,  da calça LEE ( atual Jeans),  tão censurada , proibida e criticada  pela moralidade da época, a  bermuda e a  camisa colorida surgiram, as calças sociais eram justa  do joelho para cima e se alargavam  para baixo, tornado-se  conhecida como boca de sino, os sapatos  sobem em saltos e são chamados de cavalo de aço. Na outra ponta as mulheres entram com tudo que tem direito,  lançam a mini-saia cujo cumprimento  ficava  um palmo acima do joelho, usam  também a calça LEE  com camisetas sem mangas,os decotes dos vestidos ficam cada vez mais provocantes , exploram a maquiagem e se libertam para escolher o homem com quem deseja casar. 

Eu vivi essa década  na minha saudosa Itabaiana/PB, vi e participei de tudo isso, e guardo com muito orgulho  a lembrança de um grupo de corajosas jovens que enfrentaram os preconceitos  e a língua  das fofoqueiras  que viam malicia em tudo, criaram um conjunto musical instrumental /vocal  chamado  "Arco-Iris” , e com muito talento subiram  ao palco e abrilhantaram as festas da  cidade. Acredito que esse conjunto não fez registro oficial na época, mas tenho quase certeza que foi o único com formação totalmente feminina  daquela década  no Nordeste, e quem sabe até mais além.

Valeu Arco-Íris, dancei  com a suavidade do seu som no Itabaiana Clube.

Orlando Araujo



Rita de Cássia Gomes deixou um  comentário sobre a  postagem "Itabaiana e a Juventude de 1960.":


Orlando Araújo, para mim meu amigo Lando (rs). Descreveu essa época de uma forma que me fez retrosceder no tempo e voltar de uma maneira intensa, aos melhores anos da minha vida. Conjunto Arco-Íris, minhas amigas, em especial uma, que eu acompanhei toda sua trajetória feliz e do sofrimento, ocasionado pela maldita doença que a fez sofrer o que não merecia, por ser a douçura que era. Amiga Rosa, te vi vibrando de alegria com o coroamento.do teu imenso amor por Erix Amorim (Nêgo), que já foi te encontrar no infinito, com a chegada da tua única filha Elsie Ellen. Mas também te vi, te consumindo de dores num leito de hospital. Jamais me esqueço o teu pedido a mim, numa das vezes que estava contigo no hospital. Era o 1º dia de aula dela e me pedistes que fosse até a tua casa a preparasse com a fardinha e a trouxesse ao hospital para que pudesses vê-la. O fiz, mas ficou gravado na minha alma, aquele momento. Como chorei! Presto hoje a minha homenagem expressada na minha saudade! Que estejas tocando nos ceus ao lado de anjos iguais a ti. 

 Bernadete Vieira da Rocha deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Itabaiana e a Juventude de 1960.":

Que saudades das amigas do "Arco Iris", das festas de Itabaiana e dos belos momentos que viví nessa cidade encantadora!








2 comentários:

  1. Rita de Cássia Gomes19 de abril de 2012 às 22:48

    Orlando Araújo, para mim meu amigo Lando (rs). Descreveu essa época de uma forma que me fez retrosceder no tempo e voltar de uma maneira intensa, aos melhores anos da minha vida. Conjunto Arco-Íris, minhas amigas, em especial uma, que eu acompanhei toda sua trajetória feliz e do sofrimento, ocasionado pela maldita doença que a fez sofrer o que não merecia, por ser a douçura que era. Amiga Rosa, te vi vibrando de alegria com o coroamento.do teu imenso amor por Erix Amorim (Nêgo), que já foi te encontrar no infinito, com a chegada da tua única filha Elsie Ellen. Mas também te vi, te consumindo de dores num leito de hospital. Jamais me esqueço o teu pedido a mim, numa das vezes que estava contigo no hospital. Era o 1º dia de aula dela e me pedistes que fosse até a tua casa a preparasse com a fardinha e a trouxesse ao hospital para que pudesses vê-la. O fiz, mas ficou gravado na minha alma, aquele momento. Como chorei! Presto hoje a minha homenagem expressada na minha saudade! Que estejas tocando nos ceus ao lado de anjos iguais a ti.

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  2. Bernadete Vieira da Rocha23 de abril de 2012 às 15:35

    Que saudades das amigas do "Arco Iris", das festas de Itabaiana e dos belos momentos que viví nesta cidade encantadora!

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