sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Lembrança do Carnaval Itabaianense. Recordação de Orlando Araújo.

João Wilson e Orlando Araújo


              Parabéns, esse tema é fantástico e abrangente, felizes se sentem os Itabaianense ou visitantes  que  no passado participou e guarda na memória eternas recordações.O Carnaval de Itabaiana no passado representava  para Estado da Paraíba o que hoje o Carnaval de Olinda e Recife  representa para o Brasil , digo isso com plena convicção e comprovação, pela beleza cultural e pela irreverência.
              A abertura oficial começava no sábado com o bloco de Zé Pereira que com tanta dignidade Dona Mocinha o lançava na rua. Do domingo a terça feira a programação na rua era constante. Na parte das manhas  desfilava pela cidade as troças,  os bumba meu boi, os ursos, e os famosos mateus  com seus barulhentos chocalhos que quando crianças corri muito com medo deles.
             A irreverência tomava conta de toda cidade, homens se travestiam de mulheres e saiam com trejeitos afeminados. E os papangus, como eram criativos. Crianças brincavam molhando as pessoas com bisnaga de água, e o povo no geral se fantasiava para ir a rua brincar
No período da tarde ate determinada hora da noite, era a vez das escolas de samba e blocos de frevos desfilarem. Como era gostoso  sambar acompanhando uma das  escolas  ou frevar atrás dos blocos.
O corso era um espetáculo a parte, embora  possuir um veiculo fosse  privilegio dos ricos, os pobres não ficavam de fora , porque quem colocava caminhão e camionetas no desfile,  permitia que nós pobres desfilassem em cima da carroceria.Os jeeps sem duvida nenhuma eram o top model do desfile.
A noite madrugada a dentro ficava por conta dos clubes sociais, e todos eles simultaneamente faziam seus bailes carnavalesco.
             O mela mela  da terça feira  dentro da  tradicional feira  da cidade, é inesquecível, o talco, a goma  juntamente com a água, deles ninguém escapava se tentasse atravessar a feira..
             O  carnaval de Itabaiana eu  recordo com detalhes, mas , para justificar a foto acima, vou fazer um breve relato dessa fantasia.
             Nos bailes do Itabaiana clube era promovido concursos de fantasias, e então grupo de moças e rapazes se preparavam para tal. Em um determinado ano , fiz parte de um grupo que apresentou uma fantasia de pirata, fomos o 2º colocado no concurso, O Erlie Amorim , saudoso amigo que carinhosamente nós o chamava  de “Pitoco”, ficou entusiasmado e logo na manha da segunda feira propôs ao grupo fazer nova fantasia para terça feira. Surgiu um sério problema , a grana,  ninguém tinha, nosso o dinheiro  dava muito mal para pagar a entrada do clube na segunda e terça feira. Pitoco, sempre criativo, disse , vamos pensar. Ai surgiu a idéia de fantasia de espantalho. Ora , e como seria esse espantalho? Pitoco sem pestanejar perguntou! Todos tem uma camisa branca e  uma bermuda de qualquer cor, não tem? Temos. Então vamos  somente comprar, chapéu de palha,  saco de estopa que é muito barato e dois metros de pano preto para o lenço do nariz.  Perguntamos, só isso? Não,  tem mais, vamos lá o Clube pegar todas as serpentinas e confetes  que estão no chão antes de ir para o lixo.
                 Pois bem, fizemos tudo, ai partimos para confecção da fantasia, tudo isso ocorreu na casa do Sr José Alves e Dona Erancil,  pais do Pitoco. Fizemos uma  panela de grude ( goma dissolvida no fogo com água), na estopa abrimos dois buracos nas laterais para passagem dos braços e outra na parte superior para a cabeça. Em seguida lambuzamos o grude por cima e colamos as serpentinas e confetes, e colocamos para secar. O chapéu recebeu o mesmo tratamento.
                Dia seguinte, os sacos e chapéus estavam todos secos. Terça feira 10:00 da noite hora de vestir a fantasia. Tudo pronto, o  lenço preto no nariz deu todo charme, o grupo junto ficou bonito,  viu! Seguimos a pé até o clube, o povo da rua que nos via passar vibrava. Nos  concentramos  em frente ao clube até o momento da orquestra tocar  o frevo iniciando o baile, e a orquestra começou..
               Chegou a hora “H”, partimos frevando , fomos aplaudido  no corredor da turma do sereno  ( povo que olhava a festa de fora do clube)  , entramos em fila única circulando por todo salão  e sentimos que o publico  gostava da criatividade.
                Mas, infelizmente  nossa alegria durou pouco tempo, a estopa acabou com nossa festa, o calor nos sufocou, as fibras do sisal  junto com o grude começou a nos provocar um enorme comichão e tivemos que jogar fora a famosa capa do espantalho, e a fantasia ficou resumida apenas ao chapéu de palha.

Isso era um carnaval, isso era Itabaiana.

Orlando Araujo



  

Um comentário:

  1. Orlando,
    Que bom saber que fiz parte mesmo pequena, da história dos carnavais Itabaianense.
    Valeu Amigo Velho. Abs.
    João Wilson de Luna Freire.

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