João Wilson e Orlando Araújo |
Parabéns, esse tema é fantástico e abrangente, felizes se sentem os Itabaianense ou visitantes que no passado participou e guarda na memória eternas recordações.O Carnaval de Itabaiana no passado representava para Estado da Paraíba o que hoje o Carnaval de Olinda e Recife representa para o Brasil , digo isso com plena convicção e comprovação, pela beleza cultural e pela irreverência.
A abertura oficial começava no sábado com o bloco de Zé Pereira que com tanta dignidade Dona Mocinha o lançava na rua. Do domingo a terça feira a programação na rua era constante. Na parte das manhas desfilava pela cidade as troças, os bumba meu boi, os ursos, e os famosos mateus com seus barulhentos chocalhos que quando crianças corri muito com medo deles.
A irreverência tomava conta de toda cidade, homens se travestiam de mulheres e saiam com trejeitos afeminados. E os papangus, como eram criativos. Crianças brincavam molhando as pessoas com bisnaga de água, e o povo no geral se fantasiava para ir a rua brincar
No período da tarde ate determinada hora da noite, era a vez das escolas de samba e blocos de frevos desfilarem. Como era gostoso sambar acompanhando uma das escolas ou frevar atrás dos blocos.
O corso era um espetáculo a parte, embora possuir um veiculo fosse privilegio dos ricos, os pobres não ficavam de fora , porque quem colocava caminhão e camionetas no desfile, permitia que nós pobres desfilassem em cima da carroceria.Os jeeps sem duvida nenhuma eram o top model do desfile.
A noite madrugada a dentro ficava por conta dos clubes sociais, e todos eles simultaneamente faziam seus bailes carnavalesco.
O mela mela da terça feira dentro da tradicional feira da cidade, é inesquecível, o talco, a goma juntamente com a água, deles ninguém escapava se tentasse atravessar a feira..
O carnaval de Itabaiana eu recordo com detalhes, mas , para justificar a foto acima, vou fazer um breve relato dessa fantasia.
Nos bailes do Itabaiana clube era promovido concursos de fantasias, e então grupo de moças e rapazes se preparavam para tal. Em um determinado ano , fiz parte de um grupo que apresentou uma fantasia de pirata, fomos o 2º colocado no concurso, O Erlie Amorim , saudoso amigo que carinhosamente nós o chamava de “Pitoco”, ficou entusiasmado e logo na manha da segunda feira propôs ao grupo fazer nova fantasia para terça feira. Surgiu um sério problema , a grana, ninguém tinha, nosso o dinheiro dava muito mal para pagar a entrada do clube na segunda e terça feira. Pitoco, sempre criativo, disse , vamos pensar. Ai surgiu a idéia de fantasia de espantalho. Ora , e como seria esse espantalho? Pitoco sem pestanejar perguntou! Todos tem uma camisa branca e uma bermuda de qualquer cor, não tem? Temos. Então vamos somente comprar, chapéu de palha, saco de estopa que é muito barato e dois metros de pano preto para o lenço do nariz. Perguntamos, só isso? Não, tem mais, vamos lá o Clube pegar todas as serpentinas e confetes que estão no chão antes de ir para o lixo.
Pois bem, fizemos tudo, ai partimos para confecção da fantasia, tudo isso ocorreu na casa do Sr José Alves e Dona Erancil, pais do Pitoco. Fizemos uma panela de grude ( goma dissolvida no fogo com água), na estopa abrimos dois buracos nas laterais para passagem dos braços e outra na parte superior para a cabeça. Em seguida lambuzamos o grude por cima e colamos as serpentinas e confetes, e colocamos para secar. O chapéu recebeu o mesmo tratamento.
Dia seguinte, os sacos e chapéus estavam todos secos. Terça feira 10:00 da noite hora de vestir a fantasia. Tudo pronto, o lenço preto no nariz deu todo charme, o grupo junto ficou bonito, viu! Seguimos a pé até o clube, o povo da rua que nos via passar vibrava. Nos concentramos em frente ao clube até o momento da orquestra tocar o frevo iniciando o baile, e a orquestra começou..
Dia seguinte, os sacos e chapéus estavam todos secos. Terça feira 10:00 da noite hora de vestir a fantasia. Tudo pronto, o lenço preto no nariz deu todo charme, o grupo junto ficou bonito, viu! Seguimos a pé até o clube, o povo da rua que nos via passar vibrava. Nos concentramos em frente ao clube até o momento da orquestra tocar o frevo iniciando o baile, e a orquestra começou..
Chegou a hora “H”, partimos frevando , fomos aplaudido no corredor da turma do sereno ( povo que olhava a festa de fora do clube) , entramos em fila única circulando por todo salão e sentimos que o publico gostava da criatividade.
Mas, infelizmente nossa alegria durou pouco tempo, a estopa acabou com nossa festa, o calor nos sufocou, as fibras do sisal junto com o grude começou a nos provocar um enorme comichão e tivemos que jogar fora a famosa capa do espantalho, e a fantasia ficou resumida apenas ao chapéu de palha.
Isso era um carnaval, isso era Itabaiana.
Orlando Araujo
Orlando,
ResponderExcluirQue bom saber que fiz parte mesmo pequena, da história dos carnavais Itabaianense.
Valeu Amigo Velho. Abs.
João Wilson de Luna Freire.