terça-feira, 6 de outubro de 2015

Sobre a demolição de imóveis em Itabaiana – Paraíba.

Villa Marieta, onde funcionou o colégio São José, demolida . Este ano está fazendo 100 anos de sua construção.




O processo de tombamento é um trabalho criterioso e difícil, seja pela burocratização como pela resistência dos senhores dos imóveis. E por essa oposição que oferecem, é preciso que o projeto seja feito sigilosamente, até que o proprietário receba a notificação por escrito.

Infelizmente em Itabaiana não houve esse cuidado. Alguns militantes da cultura local formaram um grupo e, a correr pela cidade, fotografava e alardeava aos quatro cantos que aqueles imóveis iam ser tombados. Com a mosca na orelha e, por ignorância e interesses financeiros, os proprietários apressaram-se em não deixar rastros  do pretenso objeto de tombamento.  

E, como se não bastasse, cidadãs e cidadãos de bem da cidade se manifestaram contrários à preservação desses prédios que contam a história de Itabaiana, gerando conjunturas cavilosas e provocando polêmica. Para esses desinformados (?), esclarecemos: “tombar” não quer dizer “tomar”. Tombar um imóvel significa deixá-lo apenas sob a guarda do poder público, com a finalidade de que a tradição daquele bem seja preservada e sua história não morra.

Vale dizer, ainda,  que essas demolições não são “coisas de Itabaiana”, como comentam. Isso acontecerá em qualquer lugar, onde se deseja preservar o patrimônio histórico e cultural  e o homem se sentir ameaçado em sua propriedade e sua riqueza.

O  Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural de Itabaiana foi criado há pouco tempo mas seu trabalho vem sendo intenso e contínuo. Apesar das dificuldades que os trâmites das ações de tombamento de imóveis impõem, não desanimem; os frutos virão amanhã.

Um comentário:

  1. Lamento que o patrimônio histórico cultural de uma cidade seja sepultado pela ignorância e especulação imobiliária. Eu vi o desrespeito à uma arquitetura do início do século 20, ser totalmente modificada. Fato lamentável! Refiro-me ao Alto do Major, casa na qual nasci e me criei, pois sou filha do saudoso Major Nonato. Inegável que o progresso gera melhorias, a casa ficou muito bonita, modernizada, mas perdeu a sua originalidade, a sua história. Não devia ter sido permitido essa reconstrução. Hoje a história daquele logradouro, de como ele era, está registrado apenas na minha memória. Quando eu me for, vai junto comigo. Os meus descendentes jamais conhecerão a sua história original. Lamentável!

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