No acervo da Memória Viva está catalogado o livro “Diário de um Estudante – 1920 – 1921” do jornalista, escritor e advogado Joaquim Inojosa, que nasceu em Pernambuco e morou em Itabaiana de 1918 a 1922. Foi colaborador do jornal “A Notícia” e do jornal falado “A Palavra”, participando ativamente da vida cultural ao lado de Zuza Ferreira e Sabiniano Maia. O prefeito Manoel Joaquim de Araújo e o chefe político Flávio Ribeiro Coutinho foram seus amigos políticos.
O escritor reserva parte do seu
livro, em forma de diário, para narrar acontecimentos e costumes daquela época em Itabaiana, assim
descrevendo uma noite de chuva na Rainha do Vale da Paraíba:
“26 de março de 1920.
Tem chovido muito.
A Natureza prodigaliza
bênçãos. Desesperados como estávamos pela
inclemência atordoadora do sol, sentimo-nos
rejuvenescidos ao remoçar
espontâneo
dos elementos.
É uma festa contínua...
Os trovões ribombam numa
sarabanda ininterrupta de dança macabra...
Os relâmpagos perpassam como centelhas de
olhos divinos a espreitarem
o mundo...
O vento
fustiga pelas janelas e telhados avisando ao povo da
alegria que domina a Natureza...
A água,
despenhada em blocos, cai em gotas miriádicas e reúne-se
à terra
para, solidária, moleculada, seguir seu destino, a sua eterna metamorfose.
As árvores calam-se, soturnam-se, respondendo apenas ao perpassar
de
Éolo; e os passarinhos emudecem, aninham-se para adormecerem.
Fecham-se as portas; adormece a
cidade.”
Intelectual consagrado
nacionalmente, Inojosa participou da Semana de Arte Moderna de 1922 ao lado de
Mário e Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral e, em Recife, deu início às
ideias modernistas, opondo-se ao regionalista Gilberto Freyre. Escreveu os
livros “O Movimento Modernista em Pernambuco”, No Pomar Vizinho, Um
Movimento Imaginário, Carro Alegórico e Pá de Cal, além de uma infinidade
de matérias de jornais e revistas, relatos e cartas.
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