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Itabaiana do Norte é pródiga em mestres das mais variadas
artes. Temos um gênio sanfoneiro, outro destacado artista das artes visuais
reconhecido na Europa, o que é considerado responsável pelo moderno cinema
documentário, aquele que atravessou o oceano para beber na fonte da Mãe África,
o pós-doutor em teatro, formado nas melhores escolas cubanas e a ceramista cujo
trabalho atinge também as fronteiras do mundo. Exemplos não faltam da
genialidade do artista aqui nascido. A esses nomes consagrados, juntam-se os
artistas populares, alguns de projeção nacional, como o Ratinho da melhor dupla
sertaneja da história de nossa música, outros esquecidos, os que não alcançaram
visibilidade, nem por isso menos dotados de altíssimo grau de capacidade
criadora.
Fiz um mosaico desses criadores nas mais diversas áreas, com
breve biografia destinada a fortalecer nosso orgulho de sermos conterrâneos
dessas figuras e registrar para as gerações seguintes nosso rico acervo de
nomes de vulto, se não pela fama, mas pela sua importância na construção de
nossa identidade cultural. Artistas do teatro de bonecos, do canto de raiz,
virtuosos instrumentistas e compositores, escritores, atores, mágicos,
palhaços, poetas e mamulengueiros, ícones da cultura popular itabaianense de
todos os tempos, registrando breves dados biográficos com a proposta de
sistematizar, organizar e divulgar os artistas populares, poetas e intelectuais
que publicaram livros em Itabaiana, como um acervo facilitador da construção de
um sentido de pertença, cidadania e auto-estima de artistas da comunidade
itabaianense.
O livro “Artistas de Itabaiana” acaba de ter patrocínio
aprovado pelo Fundo de Incentivo à Cultura Augusto dos Anjos, da Secretaria de
Cultura do Estado, conforme publicado no Diário Oficial de ontem (13 de
fevereiro). Vai ser lançado em maio, durante o aniversário da cidade. É minha
contribuição à festa da emancipação política da terra do Mestre Mané Risadinha,
do mestre Mocó, do pifeiro Cachimbinho e de Galego Aboiador. Os artífices da
cultura popular itabaianense, que se fortalecem mesmo na adversidade, estão
expressos neste livro.
Para completar, o Ponto de Cultura Cantiga de Ninar também
aprovou projeto no FIC para realizar o “Cortejo de bois e caboclinhos”, onde
registraremos em vídeo documentário os brincantes em ação, tratados com o
respeito que merecem, livres da presença incômoda e violentadora de “paredões”
e outras parafernálias. O carnaval tradição, historicamente pouco abordado,
maltratado e humilhado, terá seu registro digno. É um ato de construção de uma
sociedade civilizada que respeita seu passado e suas legítimas expressões
artísticas. Se não acreditasse nisso, eu já teria renunciado, há muito, a lutar
pela preservação do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar.
http://www.fabiomozart.blogspot.com.br/
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