Esse é o Biu do Vasco, desportista e carnavalesco de
Itabaiana, lendário sambista, mestre de bateria, figurinista e produtor da
Escola de Samba Imperadores do Ritmo. Esse rapaz já fez pelo carnaval e pelo
futebol da cidade muito mais do que muitos prefeitos. Cabe citá-lo com
reverência quando se trata de cultura popular na terra de Biu da Rabeca, lugar
de ótimos artistas e péssimos administradores.
Por ser pobre, é visto com desconfiança. Mas são fortes as
raízes do Biu na sua comunidade. Devido a isso, consegue juntar uns trocados,
pedindo no comércio, e bota sua escola de samba todos os anos na rua. Biu é
descendente direto de figuras como Dolfo e seu irmão Índio, patronos do futebol
e do carnaval, lutadores pelas nossas melhores tradições no esporte, fundadores
e mantenedores do glorioso União Sport Clube e da Escola de Samba.
A negligência do chamado poder público no fomento à criação
e acesso à cultura popular dá lugar a esses heróis da resistência. Sem pessoas
como Biu do Vasco e outros tantos abnegados, nosso carnaval de rua seria apenas
lembrança. Pela tenacidade de figuras
como o mestre Zé Leiteiro, já falecido, e outros mestres de bois, caboclinhos e
troças, os reais construtores do nosso carnaval, ainda temos um carnaval de rua
que se preza.
Tão importante quanto o trabalho de Biu no carnaval é seu
desempenho na preparação de novos atletas de futebol. Uma historinha: meu irmão
mais novo, Lavoisier, aos dezessete anos era a maior revelação juvenil do time
de Biu do Vasco. Ótimo meia-direita, recebeu convite de um empresário para
jogar no futebol da Suécia. Minha mãe não aprovou a carreira futebolística de
Lavoisier que acabou tornando-se pastor protestante. O futebol perdeu um craque
e a igreja ganhou um pregador. Ainda hoje Biu lembra de Lavoisier e seu
futebol, lamentando os muros que a fé de minha mãe ergueu entre o estrelato da
bola e seu antigo pupilo.
Postado por TOCA DO LEÃO em 05.02.2013
http://www.fabiomozart.blogspot.com.br/2013/02/biu-do-vasco-e-do-carnaval.html
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