Nevinha em sua juventude. |
Nevinha sendo entrevistada pela Memória Viva. |
Casas onde funcionou sua pensão. |
Nascida em Guarabira, Paraíba, Maria
das Neves é filha de pai agricultor e mãe dona de casa. Órfã de mãe ainda pequena, ela e seus outros
irmãos tiveram uma vida difícil.
No início dos anos de 1950, chegou a
Itabaiana e estabeleceu-se na Rua 13 de maio, onde funcionava o “Carretel”, bordel
da cidade.
Tornou-se uma próspera proprietária
de “pensão”, cujo sucesso diz ter sido a ordem com que funcionava sua
casa. Contou à Memória Viva que, quando uma briga ameaçava sua boate, a polícia a
atendia com rapidez. Orgulha-se de ter sido amiga da polícia, com quem havia
troca de favores.
Grande dama da noite, Madrinha
Nevinha, como é chamada até hoje pelos rapazes que frequentavam seu bordel, mostra
seu contentamento por ter feito muitos amigos e nos fala, sorrindo, dos que por
lá passaram para usufruir dos seus serviços e dos agrados de suas meninas.
Uma doença mental a afastou dos
negócios quando precisou arrendar sua casa noturna para tratamento de saúde.
Hoje, aos 86 anos de idade, vive tranquila
na mesma Rua 13 de maio onde, outrora, Nevinha foi a rainha das noites boêmias de
Itabaiana.
Lembro-me sim de Dona Nevinha, de Daminha e de Danda.Nos anos 60 eu e outros amigos, todos adolescentes, saímos do Ginásio para visitar a pensão de D .Nevinha. Na época Dr. Almeida era Diretor do Ginásio e Juiz da Cidade e mandava fiscalizar se no cabaré existia a presença de menores e de aluno fardado. Nós éramos as duas coisas, para disfarçar não ser aluno levávamos outra camisa na bolsa e trocava após as aulas, e quanto a parecer ser maior de idade, fechávamos a cara para enfrentar a fiscalização. Em nada adiantava por dois motivos:, um era que a cor da calça era padronizada e tinha uma lista nas laterais, e a outras que os fiscais nos conhecia.
ResponderExcluirMuitas vezes nos escondíamos e Madrinha Nevinha nos protegia.
Madrinha Nevinha foi uma grande mulher, tinha coração enorme, protegia todas as demais sofredoras injustiçadas pela falsa moral da sociedade da época.
Muita saúde para Senhora Dona Nevinha.
Orlando Araujo