quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Relançado o jornal "Evolução"


Familiares de Chico Veneno prestigiam relançamento de jornal após 50 anos em Itabaiana



Familiares de Chico, entre eles sua filha, Tabira, a 4ª da direita para a esquerda (Foto: Michel Melo)




Consumado o golpe militar de 1964  no Brasil, dominado o Congresso Nacional, através da cassação de mandatos parlamentares, exiladas as principais lideranças do país, reprimido com violência o movimento estudantil, presos políticos abarrotando penitenciárias em todo o país. Eis o cenário imposto pelos militares no poder. Cerceada a oposição legal, através de extinção dos partidos políticos tradicionais e com o bipartidarismo imposto pela força, emergiram lideranças corajosas entre os estudantes, profissionais liberais e até religiosos no combate à ditadura. Uns optaram pela luta armada, outros fizeram da imprensa independente sua trincheira de luta. Um desses foi o agitador cultural e político Francisco Joaquim de Almeida Neto, o Chico Veneno, de Itabaiana, cujo jornal “Evolução” foi um marco na imprensa combativa dessa cidade nos anos de chumbo, entre 1964 e 1968.

O jornal de Chico foi reeditado pelos jornalistas Fábio Mozart e Socorro Almeida, cujo número inicial desta nova etapa da publicação foi lançado nesta quarta-feira, 28, no Maison Finesse em Itabaiana, com presença de ex-companheiros de Chico, como o professor Israel Elídio de Carvalho Filho, e familiares do jornalista homenageado. A irmã, Lourdinha Almeida, fez um breve relato de sua trajetória política e artística. Chico foi também cineasta e escritor. 

O jornal será distribuído gratuitamente na comunidade, e servirá de laboratório para estudantes de comunicação e outros agentes sociais e culturais da cidade. 

Na mesma noite, foi lançado o CD Vitalidade, do compositor Vital Alves, que ofereceu ao público presente uma mostra do seu trabalho.

O jornal “Evolução” tem patrocínio do Fundo de Incentivo à Cultura Augusto dos Anjos, da Secult/PB.

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Adeus, Dedé Locutor!


                                      


Quando ele nasceu eu tinha 7 anos. O meu pai ficou assaz alegre! Confeccionou os convites dourados, que foram entregues nas casas dos seus amigos, por mim e pela minha irmã Célia.

Célia e eu também fomos incumbidos de chamar Dulce, na Av. Suburbana, a moça que iria cuidar de mamãe durante o resguardo. Lembro, como se fosse hoje, o recado que Dulce mandou: "Diga ao seu pai que eu vou lavar o focinho (achei engraçada essa expressão) e já chego."

Hiperativo, quebrou o bracinho ainda pequeno. O hospital regional de Itabaiana não trabalhava com fraturas. Papaizinho o levou para o pronto socorro de fraturas de João Pessoa, que ficava, na época, na Visconde de Pelotas.

Durante o tratamento, dormimos algumas noites na casa do compadre do meu pai, Carlos Leal Rodrigues, na Av. Expedicionários. Acordava algumas vezes com ele batendo na minha cabeça com o gesso. Era um menininho buliçoso, como se dizia. rsrs

Fez teatro comigo no GETI, aprendeu a tocar violão e em algumas ocasiões cantamos em serestas, quando pedia para que eu repetisse várias vezes a canção "Fascinação".

Era louco por poesia e acho que, depois de mim, foi o cara que mais recitou os poemas do poeta Severino Dias, em especial "Milaigue e Castigo".

Tinha uma memória fotográfica! Num momento em que o nosso pai recepcionou um seu candidato a deputado estadual, na sede da Sociedade Beneficente dos Trabalhadores de Itabaiana, decorou uma fala espetacular e sapecou um discurso inflamado, deixando-nos boquiabertos, inclusive o candidato, e sem saber mais o que dizer.

Para mim ele será sempre aquele garotinho magricela, que gostava de sentar no capô da Variant amarela do nosso pai.

Hoje, no seu sepultamento, na cidade de Condado - PE, não obstante tanta dor, fiquei encantado com o amor que a cidade lhe devotava: esposa, filhas, sogra, cunhados, cunhadas, amigos... alguns choravam dizendo: "Meu Deus, temos de enterrar o nosso contador de histórias!" Muitos me procuraram para dizer: "O seu irmão, Dedé Locutor, era um poço de alegria."

Quem o conheceu, sabe do que estou falando! Não havia tempo ruim para ele. Antes da internação, lhe fiz uma visita e ele estava visivelmente muito doente, mas paradoxalmente fez-nos rir a tarde toda, enquanto gemia de dor.

Era o seu caráter! E aprouve a Deus levá-lo ao seu seio no Dia das Crianças, como a honrar a criança que ele sempre foi na terra.


Sander Lee

sábado, 10 de outubro de 2015

Proprietário de imóvel tombado pode pagar multa por demolir patrimônio histórico




O proprietário da casa onde funcionou uma boate na Rua Treze de Maio, em Itabaiana, prédio considerado patrimônio histórico da cidade através do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Artístico de Itabaiana, instituído pela Lei 679/2014, poderá pagar multa de 50% do valor de mercado do imóvel, que será revertido para o fundo do patrimônio histórico, tendo ainda a obrigação de refazer a fachada do prédio demolido. Mesmo notificado pela Secretaria de Cultura do Município, o proprietário resolveu demolir o prédio. “O Secretário Luciano Marinho foi pessoalmente falar com o senhor Brás, dono do casarão, tendo o mesmo ligado para seu advogado e ordenado a paralização da demolição, mas, na calada da noite, terminou o serviço”, disse Renaly Oliveira, do Núcleo de Patrimônio Histórico e Artístico do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar.

O prédio da pensão de “Nevinha Rica” é um bem tombado pelo Município, situado na antiga zona boêmia de Itabaiana com suas casas centenárias que já abrigaram a vida social e cultural da cidade por muitos anos, do começo do século vinte até os anos 60/70, paralelamente com a famosa feira de gado que floresceu no Município e que desenvolveu economicamente a região.

MAPEAMENTO
Uma comissão está mapeando os sítios históricos da cidade, com orientação do arquiteto Hélio Costa Lima, da UFPB, para que os executores das políticas urbanas no Município possam lidar com o patrimônio histórico e artístico itabaianense, tendo em vista projeto de preservação e recuperação principalmente dos prédios que tenham valor histórico. “Nossa missão é mapear e localizar as edificações que são consideradas unidades dentro dos sítios históricos urbanos, a exemplo da Praça Manoel Joaquim de Carvalho e seu coreto já tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico da Paraíba, mas que, infelizmente, tiveram suas características arquitetônicas modificadas com a desfiguração de várias casas e a construção da rodoviária, sendo que a legislação não permite qualquer mudança em torno de cem metros do bem tombado”, explica Renaly.

Para Fred Borges, do grupo do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar, é necessário que a população tome consciência da importância de se preservar as feições urbanas, e que os proprietários possam discutir com as autoridades do setor a melhor forma de destinação e restauração dos imóveis dessas áreas, sem necessidade de conflitos. “Atualmente, bens históricos estão sendo vistos como um setor econômico dos mais dinâmicos, com perspectivas promissoras principalmente para o turismo, porque é cada vez crescente o desejo das pessoas em conhecer lugares e culturas antigas. Nossa diversidade cultural, representada também pelos bens históricos, é um fator econômico que poderá atender às expectativas do mercado, por isso é muito mais vantajoso para o proprietário de imóveis antigos a sua preservação do que a demolição pura e simples”, argumenta Fred. O grupo é formado ainda por Edglês Gonçalves, Fred Borges, Renaly Oliveira, Adilson Adalberto, Rosival Silva e dois historiadores que estão engajados no projeto, os professores Chintia Cecília e Flaviano.
Com a indicação de Itabaiana para ser uma das oito cidades paraibanas a receber a tocha olímpica no próximo ano, as autoridades públicas estão se voltando para melhorar a infraestrutura local, com ações embelezadoras e de preservação arquitetônica.

http://www.tribunadovaleonline.blogspot.com.br/

Itabaiana- Paraíba - sábado, 10 de outubro de 2015


quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Morre o carnavalesco Totinha

Totinha no carnaval de 2013. Foto Gilvan Fernandes.



A Associação Cultural Memória Viva consternada com o falecimento prematuro de Totinha, vem prestar sua homenagem ao carnavalesco e ativista cultural. Presença indispensável na Escola de Samba Acadêmicos do Jucuri, Totinha, ao lado de Biu do Vasco, lutava todos os anos, com persistência, para não deixar o carnaval tradição morrer.  Como  destaque principal do desfile da agremiação, apresentava-se, garboso,  com suas criativas e alegres fantasias. Muita luz, Totinha.

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Sobre a demolição de imóveis em Itabaiana – Paraíba.

Villa Marieta, onde funcionou o colégio São José, demolida . Este ano está fazendo 100 anos de sua construção.




O processo de tombamento é um trabalho criterioso e difícil, seja pela burocratização como pela resistência dos senhores dos imóveis. E por essa oposição que oferecem, é preciso que o projeto seja feito sigilosamente, até que o proprietário receba a notificação por escrito.

Infelizmente em Itabaiana não houve esse cuidado. Alguns militantes da cultura local formaram um grupo e, a correr pela cidade, fotografava e alardeava aos quatro cantos que aqueles imóveis iam ser tombados. Com a mosca na orelha e, por ignorância e interesses financeiros, os proprietários apressaram-se em não deixar rastros  do pretenso objeto de tombamento.  

E, como se não bastasse, cidadãs e cidadãos de bem da cidade se manifestaram contrários à preservação desses prédios que contam a história de Itabaiana, gerando conjunturas cavilosas e provocando polêmica. Para esses desinformados (?), esclarecemos: “tombar” não quer dizer “tomar”. Tombar um imóvel significa deixá-lo apenas sob a guarda do poder público, com a finalidade de que a tradição daquele bem seja preservada e sua história não morra.

Vale dizer, ainda,  que essas demolições não são “coisas de Itabaiana”, como comentam. Isso acontecerá em qualquer lugar, onde se deseja preservar o patrimônio histórico e cultural  e o homem se sentir ameaçado em sua propriedade e sua riqueza.

O  Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural de Itabaiana foi criado há pouco tempo mas seu trabalho vem sendo intenso e contínuo. Apesar das dificuldades que os trâmites das ações de tombamento de imóveis impõem, não desanimem; os frutos virão amanhã.